Pesquisa liderada por Ricardo Paes de Barros sugere alternativas para mitigação dos efeitos da pandemia sobre a aprendizagem na rede pública
A educação pública básica no Brasil deve sair do isolamento da pandemia com uma perda de aprendizagem que pode afetar a vida dos jovens, e por consequência a economia. Essa constatação surgiu de um estudo que o Instituto Unibanco e o Insper realizaram recentemente.
Para chegar aos resultados, o grupo de pesquisadores usou como metodologia um modelo de simulação capaz de estimar a perda da aprendizagem durante os anos letivos de 2020 e 2021, a partir de parâmetros factuais (desse modo, número de dias letivos em 2020 com educação presencial e o grau de adesão dos estudantes ao ensino remoto) inferidos da experiência brasileira ou internacional em situações similares (eficácia do ensino remoto relativa ao ensino presencial e a perda de proficiência dos alunos que abandonam o ensino remoto); e referentes a situações que ainda nem sequer aconteceram (a porcentagem dos dias letivos em 2021 que será oferecida apenas de forma remota e o esforço dos sistemas educacionais para recuperar as perdas de aprendizado ao longo dos primeiros meses).
É urgente
Liderada pelo economista Ricardo Paes de Barros, do Insper, a pesquisa reforça a importância das políticas públicas para reduzir os danos para a educação em decorrência da pandemia, exigindo, por exemplo, eficaz combate à evasão, melhoria da qualidade do ensino remoto, aumento do acesso e engajamento dos estudantes, o retorno seguro ao ensino presencial ou híbrido com as devidas medidas sanitárias necessárias.
A escola pública deve promover maior engajamento dos estudantes ao ensino remoto. Sendo assim, o estudo acentua que para isso é necessário adotar alguma forma de ensino híbrido o mais rápido possível, além de ações voltadas para a recuperação e aceleração do aprendizado e a otimização do currículo.
Redução de até 20%
A saber, as perdas da aprendizagem em 2020 pelos estudantes da escola pública em língua portuguesa e matemática atingiram níveis preocupantes – 9 a 10 pontos abaixo do que era esperado, utilizando a escala Saeb (Sistema de Avaliação da Educação Básica). A base do estudo foi com jovens que vão concluir o ensino médio este ano. Nesse sentido, incluiu também o aprendizado no 2º e 3º anos do ensino médio após o início da pandemia, considerando o ensino remoto e o abandono escolar.
Contudo, segundo o superintendente-executivo do Instituto Unibanco, o economista Ricardo Henriques, caso as escolas consigam uma transição ao ensino híbrido no segundo semestre, as perdas podem ser reduzidas em 10% a 20%, caso o engajamento dos estudantes seja o dobro de 2020. Para obter detalhes da pesquisa: encurtador.com.br/lCGIZ .
Fonte: Revista Educação
Publicado por Abime