Escola da região do Canindé, na Zona Norte, passou a integrar crianças através do Projeto Escola Apropriada.
A escola municipal Infante Dom Henrique, que fica no Canindé, na Zona Norte de São Paulo, desenvolveu um projeto para integrar os alunos estrangeiros em suas atividades diárias. A região é conhecida por ser um bairro de imigrantes.
“Por volta de 2011, 2012, percebemos que os alunos tinham um relacionamento muito difícil, principalmente entre os alunos estrangeiros, filhos de imigrantes, e os alunos brasileiros. Eram verdadeiros guetos, eles não se misturavam”, conta a professora de português Fernanda Zientara do Nascimento.
Para resolver o problema, a escola desenvolveu o Projeto Escola Apropriada, que consiste em reuniões quinzenais para entender o que os alunos estrangeiros sentem. Em 2019, as escolas municipais de São Paulo tinham 5.980 estudantes de outros países, sendo a maioria bolivianos (2.974), seguido por haitianos (1.213) e angolanos (322).
“Descobrimos questões como isolamento, agressão e bullying. Começamos a tentar trabalhar mais esses alunos, para que eles conversassem e pudessem trazer mais da sua cultura. E passamos a promover a integração entre os alunos brasileiros e os alunos estrangeiros, afinal, era esse o nó do relacionamento”, explica Fernanda.
Durante as reuniões do Projeto Escola Apropriada, cada aluno estrangeiro tinha o objetivo de levar um colega brasileiro para fazer parte da iniciativa. Os participantes passaram a apresentar sua cultura, comida, dança e religião para os colegas.
“Eu ficava tímida e comecei a me abrir. Passei a falar e me senti muito acolhida. Eles começaram a falar e eu me envolvi. Me senti muito bem aqui”, conta a aluna paraguaia Camila de 14 anos.
O projeto de integração continua, já que todos os anos a escola recebe mais filhos de imigrantes. A novidade para o futuro do projeto é que a professora Fernanda Zientara iniciou a transição para passar o comando do projeto para os alunos.
“A gente quer fazer com que outros alunos que venham chegando, sejam bem recebidos e que outros alunos estejam preparados para receber. Afinal, o mundo é nosso, então, se a gente quer viver em um lugar de valor, de respeito, é a gente que tem que praticar, a gente não pode esperar só do outro”, finaliza a aluna Cleiciane Silva, uma das estudantes que passará a coordenar o projeto.