Prever cenários e tendências do futuro é uma forma de tentarmos nos preparar para os desafios das próximas gerações. Ainda não temos uma máquina do tempo que vai nos transportar para o futuro, mas com análises, pesquisas e cruzamento de dados, é possível tentar delinear alguns pressupostos e propensões para os próximos anos.
As primeiras escolas no Brasil vieram com os jesuítas, em 1549. Nessa época, os objetivos eram de catequização e posteriormente, educação da a elite do país. De lá pra cá, muita coisa mudou, hoje a legislação assegura um ensino laico e gratuito para todos cidadãos brasileiros. Ensino híbrido, metodologias ativas, sala de aula invertida, educação a distância e tantos outros termos já fazem parte do dia a dia da gestão educacional. Mas, e para as próximas gerações, como será a escola do futuro? É sobre isso que vamos falar neste texto! Além disso, você vai ler também sobre como o ensino a distância pode ser importante para a educação nos próximos anos.
O que esperar da escola do futuro?
O modelo de ensino atual já vem sendo discutido por muitos especialistas. Para alguns estudiosos, o modelo tradicional de ensino já não é compatível com os dias atuais, em que os alunos muitas vezes são apenas ouvintes e não participam ativamente da aulas. Além disso, muito se debate sobre a disposição das carteiras em sala de aula, para alguns professores, uma dinâmica de layout de círculo seria mais funcional do que carteiras enfileiradas, de modo que todos se vejam e não exista uma sensação de hierarquia entre professor e aluno, como acontece com o modelo tradicional.
A escola do futuro precisa atender as demandas dos próximos anos, além de conteúdo didático, é preciso que a escola trabalhe demandas psicossociais e habilidades de vida. Pensamento crítico, inteligência emocional, capacidade de negociação, habilidades empreendedoras e noções de finanças, são alguns tópicos que a escola do futuro deve se preocupar em responder. Ademais, a tecnologia tem um papel fundamental para desenvolver novas ferramentas que facilite o processo de aprendizagem. Confira a seguir, outros temas que devem ser fundamentais para a construção da escola do futuro.
Alunos como protagonistas
A escola do futuro precisará colocar o aluno no centro do seu processo de aprendizagem, fazendo com que ele torne-se o principal responsável por isso. Alguns métodos são bem vindos para que isso aconteça, um exemplo é a sala de aula invertida, que citamos anteriormente. Nesse modelo, ao invés do professor ser o primeiro vetor para o estudante ter contato com o conteúdo, o aluno estuda em casa assuntos previamente estabelecidos para discussão. Dessa forma, ele já chegará na escola tendo uma base sobre o assunto e poderá interagir, tirar dúvidas e debater sobre a disciplina com o professor e os outros colegas.
Outra metodologia funcional é o Eduscrum. Eduscrum é a aplicação da metodologia Scrum no contexto educacional. O Scrum é um método ágil que inicialmente era utilizado em projetos de tecnologia das mais diversas empresas. Com o passar do tempo, ele começou a ser aplicado em outros setores e em outras áreas, assim surge o Eduscrum. Nessa metodologia, os alunos se dividem em pequenos grupos, definem as tarefas de cada um em projeto e, a cada rodada é definido um novo líder de time. Com essa metodologia, é possível desenvolver a autonomia dos estudantes e habilidades de liderança.
Desenvolvimento de soft skills
Soft Skills são habilidades comportamentais, e por que é importante que a escola do futuro esteja preocupada em desenvolvê-las?
Tradicionalmente, as escolas se objetivam por desenvolver conteúdos didáticos no que tange a linguagem, a matemática, as ciências humanas e da natureza. Mas, em um modelo de escola do futuro, desenvolver somente habilidades técnicas é ultrapassado. O desenvolvimento de soft skills ajuda na formação de adultos ativos, participativos e com inteligência emocional, prontos para lidarem com o mercado de trabalho e os desafios do dia a dia. Portanto, se valer apenas de competências técnicas, não é mais suficiente.
Uma das soft skills mais requeridas nos últimos tempos é a inteligência emocional, trata-se da capacidade de entender os sentimentos próprios, saber lidar com eles e também entender os sentimentos do outro. No relatório do Fórum Econômico Mundial de 2020, foram listadas outras habilidades comportamentais que são mais exigidas no mercado de trabalho. Confira a lista:
- Resolução de problemas
- Pensamento crítico
- Criatividade
- Gestão de pessoas
- Coordenação
- Inteligência emocional
- Tomada de decisão
- Orientação para servir
- Negociação
- Flexibilidade cognitiva
Ensino personalizado
A personalização é uma das tendências do futuro, este é um recurso usado para tornar um produto ou serviço mais pessoal e exclusivo, fazendo com que ele tem um caráter mais individual e único. O resultado de aplicá-la são produtos ou serviços customizados e singulares.
A personalização é uma das tendências da escola do futuro. No modelo de educação personalizada, os alunos têm um roteiro de atividades programadas de acordo com suas características individuais, levando em consideração as suas dificuldades e aspirações. Além disso, o aluno torna-se protagonista e o professor é um facilitador na sala de aula, o que pode trazer mais engajamento por parte dos estudantes. Confira outros benefícios do ensino personalizado:
- Desenvolvimento de novas habilidades
- Atendimento individualizado
- Alunos mais engajados
- Facilidade na adaptação dos alunos
Tecnologia como aliada
É praticamente impossível falar das próximas gerações sem falar de tecnologia, e para a escola do futuro isso não é diferente. De acordo com Antonio Simão Neto, professor da Puc Paraná, as ondas da informática educacional se dividem em:
- Administrativa – informatização das áreas administrativas e secretarias escolares
- LOGO e programação: momento que o aluno evolui com o desenvolvimento de algumas linguagens de programação como a LOGO.
- Informática Básica: onda em que já se vê computadores domésticos e em escritórios. Surgem também cursos de softwares básicos.
- Software Educativo: começam a surgir diversos softwares com objetivos educacionais.
- Internet, Informação e Comunicação: Nessa onda, maioria dos alunos já têm acesso a internet e um computador doméstico e as Tecnologias da Informação e Comunicação passam a fazer parte do dia a dia da vida escolar.
Para o professor, para se pensar na sexta onda da informática educacional, é preciso falar em inovação, e assim deve acontecer com a escola do futuro: inovação é a palavra chave. Podemos citar alguns exemplos de ferramentas que irão auxiliar neste processo:
- Inteligência Artificial
A inteligência artificial ocorre quando sistemas são capazes de realizar demandas que normalmente precisam da inteligência humana. Com esse recurso é possível, por exemplo, identificar padrões de comportamentos dos alunos conectados em um sistema escolar e desenvolver novas ferramentas de aprendizagem.
Com a inteligência artificial pode-se criar sistemas que ajudem a diagnosticar problemas de aprendizagem e relatórios que permitam que o professor veja o desempenho do aluno de forma sistematizada.
- Gamificação
A escola do futuro precisa desenvolver cada vez mais a gamificação por meio da tecnologia, esse processo consiste em usar mecânicas e jogos para engajar os alunos e transmitir conhecimento. Com a tecnologia é possível desenvolver ainda mais ferramentas para auxiliar nesse contexto.
- Realidade virtual
Realidade virtual é uma tecnologia em que é possível reproduzir imagens 360º ou recursos gráficos 3D, de modo que o usuário da tecnologia tenha a sensação de está presente no ambiente virtual.
Mas, como a educação e a escola do futuro podem se apropriar da realidade virtual?
Vamos começar citando um exemplo que aconteceu na Universidade de San Diego. Em 2017, a instituição lançou um projeto de ensino imersivo e aprendizado virtual. De lá pra cá, videos 360º, realidade virtual, mista e aumentada fazem parte da rotina dos professores e alunos. Gur Windmiller, professor da universidade e responsável por lecionar disciplinas de astronomia, conta que as ferramentas só enriqueceram as aulas.
Já na Universidade Husson, os profissionais do teatro utilizam a realidade virtual para ter uma experiência imersiva em um palco ainda vazio, isso contribuir para visualização do layout do palco para as apresentações.
Na Universidade da Carolina do Norte, são os estudantes de enfermagem que utilizaram da realidade aumentada para aprender técnicas de emergência.
Assim como nas universidades, a escola do futuro precisa repensar seus métodos para aproveitar das facilidades da tecnologia e tê-la como aliada no processo educacional.
Por que o EAD é uma forte aposta para as próximas gerações?
Agora que você já leu o que esperar da escola do futuro, vamos falar sobre como o sistema EAD pode ser um motor para viabilizar um ensino mais personalizado e atender às demandas das próximas gerações.
Até 2019, o ensino a distância no Brasil já contabilizava 9 milhões de estudantes, e com a pandemia da covid-19 que assolou o mundo principalmente em 2020, esse número teve uma crescente ainda maior.
Muitos especialistas em educação, defendem o modelo híbrido de ensino, ou seja, aquele que contempla aulas presenciais e aulas a distância. Essas últimas podem contribuir para um modelo de escola do futuro, principalmente pelo fato de eliminar as barreiras geográficas. Atualmente, muitos estudantes que não contavam com universidades em suas cidades, já têm acesso ao ensino por meio de aulas remotas.
Além do que já citamos, com o ensino a distância é possível:
Criar trilhas de conteúdo personalizadas
Algumas plataformas ead oferecem trilhas de conteúdo personalizado, tendo como base as dificuldades e objetivos do aluno, assim é possível fortalecer os pontos de atenção e melhorar o processo de aprendizagem.
Otimizar o tempo e “suavizar” as barreiras geográficas
Nos últimos anos, jovens e adultos tem feito cada vez mais tarefas e com isso, precisam de soluções que otimizem o tempo. Por esse motivo, a escola do futuro deve se preocupar em oferecer ferramentas que agilizem a vida dos estudantes e o EAD pode ser uma das alternativas, já que por meio dele, os estudantes economizam o tempo de trajeto entre casa e escola.
Como dissemos anteriormente, com o EAD muitos alunos que antes não tinha acesso à cursos de qualidade, já podem usufruir de diversas opções, e assim, o ensino torna-se cada vez mais democrático.
Tornar as aulas mais interativas
Ao contrário do que muitos pensam, as aulas a distância podem sim, ser mais interativas. A escola do futuro precisa ter aulas ao vivo, com chats simultâneos e soluções multimídia. O modelo de aulas em que o professor é um expositor e os alunos são ouvintes, já não caberá para as próximas gerações. As aulas precisam ser dinâmicas com atividades que todos os alunos participem.
Transformar os alunos em protagonistas
Dependendo do formato do curso, um dos grandes desafios é a autonomia do aluno, que muitas vezes pode escolher o horário de assistir às aulas e fazer as atividades. Como você já leu, um dos desafios da escola do futuro é transformar os alunos em protagonistas, por isso, formatos que desenvolvam a autonomia do estudante são benéficos.
Conclusão
Observar o modo de ensino no passado e os dias atuais é fundamental para tentar estabelecer previsões sobre a escola do futuro. Além disso, é importante conversar com os alunos e entender quais são as dificuldades e gargalos com o modelo de ensino atual. Algumas coisas já sabemos: a tecnologia pode revolucionar a escola das próximas gerações, mas não podemos esquecer da necessidade de desenvolver também as habilidades comportamentais. Ademais, o ensino híbrido e o ensino a distância são modelos que devem ser postos cada vez mais nessas discussões.
Você está pronto para construir a escola do futuro?
Comece a arquitetar hoje mesmo os alicerces para as próximas gerações de estudantes, afinal “o futuro é o passado em preparação”.
Fonte: SambaTech
Postado por Abime