Em colégio privado de São Paulo (SP), educador criou estratégias para despertar o interesse de turma do ensino médio por fatos históricos
via Por Vir
Trabalhando com sistema de apostilado, logo notei que para o ensino da disciplina de história, vez ou outra as apostilas abordavam sempre os temas (dos maiores aos menores) de forma um tanto “oficiosa” e burocrática, tornando as aulas rápidas, superficiais e sintéticas demais. Sendo assim, notando essas falhas (saliento que parte das apostilas são assim, não todas), me propus a ensinar minha disciplina abordando temas e conteúdos mais próximos do cotidiano, partindo da micro para a macro história, mas sempre acompanhando a programação e capítulos das apostilas.
Por exemplo, para estudar a Guerra Fria, busquei traçar paralelos com fatos e notícias do presente que pudessem se relacionar com o principal tema do objeto de estudo, no caso a polarização ideológica entre capitalismo e comunismo. Ao trabalhar o tema Imperialismo ou Neocolonialismo, fiz paralelos entre a visão europeia racista e dominadora de fins do século 19 e a visão dos mesmos no século 21, trazendo à tona também como essas visões se modificaram sem perder em parte sua essência, ou seja, a persistência da ótica dominante de uns sobre outros, geralmente marginais ao conceito europeu de “civilização”.
Para realizar essas tarefas, lancei mão do uso de artigos jornalísticos, jogos de videogame, teorias e conceitos criados e difundidos nas redes sociais (corretos ou não) e debates com os alunos, inserindo-os nos temas e fazendo-os pensar mais sobre as consequências de importantes fatos históricos em nosso cotidiano, mesmo que implícitos.
Acredito que esta ação tenha sido inovadora, pois tentei fazer da “história” algo tranquilo para meus alunos. Busquei aproximá-los de fatos históricos que eram abordados de forma distante pelos livros didáticos e apostilas. Uma vez que o conteúdo consegue dialogar de alguma forma com a realidade ou interesse do aluno, ele inevitavelmente estará mais engajado na construção daquele saber e mais inclinado a buscar novas fontes de conhecimento por conta própria.
Mesmo tendo que cumprir as apostilas e visando o vestibular, fazendo uso dessas novas abordagens e conceitos foi notório o aumento do interesse por parte da sala e deslumbrantes os resultados vistos através dos debates, provas e trabalhos realizados.
Minha maior motivação veio através da observação diária dos alunos, desejosos de aprender mais sobre alguns temas que nas apostilas achavam limitados e superficiais. Claro que entra também nessa observação uma visão particular minha, que acredito em aulas mais participativas e aprofundadas.
Para realizar tal abordagem foi necessário, antes de mais nada, o consentimento dos alunos (os maiores interessados) e também da coordenação da escola, onde apresentei meus questionamentos. A única exigência feita por meus superiores foi a de adequar a nova abordagem a programação das aulas e apostilas. Entre os colegas professores, alguns se mostraram felizes e animados com a ideia, pois também já haviam realizado outras abordagens, e outros que não esboçaram reação nenhuma.
Apesar da exigência em manter-se vigilante a programação, o maior desafio foi cumprir essa meta, pois as aulas acabavam às vezes demorando mais do que o planejado, o que por um lado era até salutar, demonstrando que o estudo e abordagem de muitos conteúdos e temas poderiam ir muito além daquele prazo que constava na programação inicial. Foi então necessário fazer alguns ajustes e escolhas no decorrer das aulas, evitando assim perder os prazos e metas pré-estabelecidos.
Minha grande satisfação foi também ver como muitos pais e mães de alunos, durante as reuniões ou encontros festivos no colégio, me abordavam elogiando as novas práticas e relatavam como seus filhos estavam mais animados e motivados na escola. Devo dizer que foi de extrema importância o diálogo com pais e mães a respeito das aulas de história, bem como sua compreensão, contribuição e aval. Tudo isso me deu mais segurança e motivação.
Não seria irrelevante repetir que suas notas também alcançaram novos patamares. Muito ainda há para ser feito, mas os resultados colhidos a partir dessa pequena prática foram a meu ver imensamente satisfatórios, pois não há maior regozijo para um professor do que ter sucesso em suas aulas, conseguindo de fato ensinar algo útil a seus alunos e observando-os apreender e compreender coisas que levarão de um modo ou de outro para suas vidas.
Fonte: Por Vir – Inovações em Educação | http://porvir.org/
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